A cura do feminino é uma jornada pessoal de auto encontro que iniciei faz alguns anos e que agora vem reverberando em meu trabalho, como reflexo de meu processo de cura pessoal, que é constante. Sigo redescobrindo minha mulher selvagem e instintiva, juntando os caquinhos do quebra-cabeça que me constitui e assim redesenhando minha própria forma de me expor ao mundo pessoal e profissionalmente.
Aprendi, ao longo de minha experiência enquanto terapeuta, que conforme avanço em meu processo pessoal de cura, avanço também no entendimento e na profundidade do processo de cura das pessoas que chegam até mim! Isso é um ciclo vicioso, muito positivo e delicioso para mim.
Quando pequena era muito conectada a minha natureza, como toda criança. Lembro-me de particularidades de minha infância que hoje fazem todo sentido.
Há um Mestre que diz: “Quer saber qual o propósito de tua alma? É simples lembre-se do que mais gostava de fazer quando era criança, pois nessa fase você está muito mais próximo da origem do que na fase adulta. Faz pouco tempo que a criança está nesse mundo material e seu ego ainda não está completamente formado.”.
Assim, ao relembrar meu gosto pelas coisas da natureza, especialmente pelas estrelas, lua, ervas, e das bendições e rezas de minha avó a qual eu adorava acompanhar; compreendo meu propósito maior.
Assim nasceu o projeto de um trabalho voltado para o resgate do feminino selvagem em homens e mulheres, feminino esse que conforme Clarissa Pinkola Estés em seu livro Mulheres que correm com lobos, significa viver uma vida natural, íntegra e com limites saudáveis. Direcionado a Homens e Mulheres, pois confio que esse é o caminho despertar a todos independente de gênero para a importância de respeitarmos nossa natureza amorosa e sensível que trazemos desde nossa criação, tal qual Dra. Eleanor Luzes tanto afirma em sua tese de doutorado Ciência do inicio da Vida.
“Independente de sermos homens ou mulheres, cada um de nós tem um lado feminino e outro masculino. A felicidade, o equilíbrio emocional e psíquico e o grau de realização espiritual e pessoal de cada indivíduo dependem totalmente do equilíbrio e harmonia entre ambas as partes.” Fanny Van Laere
Como vimos há poucos dias nas manifestações nos Estados Unidos na marcha das mulheres, o despertar do feminino já começou, o que era antes silencioso em pequenos grupos e círculos femininos, agora tomou as ruas em milhares de pessoas expressando ruidosamente esse novo olhar da sociedade, que busca no amor, na aceitação das diferenças, na cooperação e no diálogo de um novo norte; e que se estende a muitos homens despertos ao tesouro que há nesse novo olhar de parceria e não mais de competitividade.
“Ao reprimir o feminino, o ser humano vem criando uma civilização que reprime a mulher e que está totalmente desconectada da natureza. Essa repressão, essas desigualdades e esta inconsciência infantil tem lugar em nosso subconsciente e realizam sua impressão em nossa memória celular.” Fanny Van Laere
Há muitas ferramentas que nos possibilitam trazer à luz a dimensão de nosso trauma com relação à repressão do feminino. Considero uma das mais eficientes e simples a pratica de estar na natureza com consciência, e presença, sorvendo cada instante que ela nos toca o coração. Seja pela interação com a água, com a terra, com animais, ou com o prana presente no ar que respiramos. Pois o feminino desperto está interligado ao instinto natural de coexistência que a natureza nos ensina e nos mostra diariamente. A liberação de memórias celulares acontece de forma simples e fluida na respiração do Renascimento também chamada de respiração consciente de energia circular. Através dessa liberação é possível resgatar a confiança na entrega à vulnerabilidade que o feminino representa, e voltar a confiar que é possível e seguro sentir, intuir, acolher e retribuir qualquer sentimento que vier em nossos corações, e que isso nos torna únicos, verdadeiros e infinitamente divinos. Como gosto de afirmar, nesse instante percebemos o quão somo perfeitos em nossas imperfeições e luminosos em nossas sombras!
Redescobrindo o valor de nossa autenticidade, saímos do conceito de especialidades, onde cada um é visto por um ângulo limitado, unilateral. Deixando o feminino fluir relembramos que todos somos artistas de sua própria arte, que é única. Todos somos intelectuais, escritores, matemáticos, sonhadores, criadores, cada um do seu jeito. Somos multifacetados assim como a mãe natureza o é, e isso é lindo!
Bem vindos a todos que sentirem o chamado e tiverem a coragem para despertar, derrubar a barragem e deixar seu rio correr até se tornar Mar…
Diene Lenshari – Terapeuta e Renascedora, Gineterapeuta -cuidadora do feminino, e facilitadora de seminários de cura do Feminino todo primeiro sábado de cada mês durante 2017.