Circulo de Mulheres – Jornada da Mulher Sábia

“A loba, a velha, aquela que sabe está dentro de nós. Floresce na mais profunda psique da alma das mulheres, a antiga e vital Mulher Selvagem. Ela descreve seu lar como um lugar no tempo em que o espírito das mulheres e o espírito dos lobos entram em contato. É o ponto em que o Eu e o Você se beijam, o lugar em que as mulheres correm com os lobos…” Clarissa Pinkola

A princípio quando se fala em Sagrado Feminino se pensa logo nos círculos de mulheres e rituais, mas esse é apenas um aspecto desse movimento que vem ganhando cada vez mais força. Sagrado feminino não é religião, significa viver uma vida natural, íntegra e com limites saudáveis, é ter a confiança de se colocar em círculo entre mulheres dispostas a se enxergar através do olhar uma da outra, sem comparações, nem competição.

Falamos de Sororidade, algo que somente as mulheres conseguem compreender. “Tua dor é também minha dor”,  a dor de uma mulher é compreendida por todas as outras; pois todas trazemos em nosso sistema a dor da supressão do feminino, não existe uma só mulher que não tenha em sua linhagem alguma ancestral que foi subjugada, desrespeitada, vítima de violência,  ou abusada simplesmente por ser mulher. Heranças replicadas de geração a geração através da memória celular, registros que ficam ali silenciosamente vibrando, tendências comportamentais que repetimos inconscientemente crentes que é nosso jeito de ser, assim perpetuamos sofrimentos.

Crescemos acreditando que somos frágeis e que precisamos ser protegidas, e  isso nos coloca em posição inferior.  Logo passamos a brigar com nosso corpo que nos torna segundo a essa visão mais vulneráveis. O medo da vulnerabilidade é causa de muita dor, tanto em mulheres como em homens, nós mulheres passamos a negar nosso corpo como ele é, nossa menstruação, até nossa maternidade, atacamos inconscientemente nossos úteros, ovários, mamas somos a geração das mastectomisadas e sem úteros, já perceberam isso? 

Por outro lado nunca se falou tanto no poder das ervas, das benzedeiras, das terapias naturais, do ressignificar nosso sangue, desobjetificação de nosso corpo, ginecologia natural, etc; tudo isso advento do despertar de um novo olhar e valorização das medicinas que cada mulher traz consigo em sua autenticidade.

“Ao reprimir o feminino, o ser humano vem criando uma civilização que reprime a mulher e que está totalmente desconectada da natureza. Essa repressão, essas desigualdades e esta inconsciência infantil tem lugar em nosso subconsciente e realizam sua impressão em nossa memória celular.” Fanny Van Laere

Tanto mulheres como homens, são condicionados desde pequenos a reprimir as emoções. Quando aprendemos a ter uma conduta “profissional”, aprendemos a  isolar nossa capacidade inata de sentir, intuir, de nos colocar no lugar do outro, desconectando nossa parte humana sensível e  compassiva. Isso torna mais fácil e aceitável a  competitividade, a luta, a concorrência. Reforçando o pensamento de que o fim justifica o meio, e isso fica bem claro quando olhamos os resultados das atividades humanas, em busca de conforto e segurança, em detrimento dos estragos  causados a Natureza. Degradamos florestas, mananciais, violamos a terra, em nome do desenvolvimento socioeconômico e da qualidade de vida, e tudo bem pois é justificável. Vivemos num mundo regido pela mentalidade masculina onde desde pequeno o menino aprende a acreditar que se for sensível e demonstrar sua sensibilidade será considerado um fraco, e graças a esse pensamento temos homens fortes por fora, e internamente imaturos, infantis; que transferem sua dependência da mãe para as suas companheiras, exigindo trabalho dobrado dessas mulheres que além de terem que lutar por espaço profissional, ao chegarem em seus lares precisam realizar tarefas domésticas, garantir a estabilidade emocional de suas famílias cuidando dos filhos e atendendo as exigências emocionais de um homem imaturo emocionalmente. 

Não se trata de feminismo é simples constatação de muitos atendimentos em consultório, queixas de mulheres exaustas, sendo que quando ouço os maridos (os poucos que vem a terapia) suas queixas me remetem a filhos reclamando o carinho da mãe; claro que já temos muitos homens em transformação e que se esforçam, mas ainda são raros os homens nos grupos de autoconhecimento.Facilito seminários de renascimento mensais e entre vinte mulheres temos em média dois homens, que normalmente vêm trazidos pelas esposas. O Movimento do Sagrado Feminino vem para apoiar os homens também, visto que para eles também é sofrido ter que engolir o choro, assim como nós mulheres podemos e somos fortes e práticas, os homens podem e são sensíveis, intuitivos. 

Confio no autoconhecimento como o melhor caminho, costumo brincar que o poder do feminino é como o poder das águas, maleável, envolvente, aparentemente frágil, mas quem já viveu uma inundação conhece seu poder! 

Todas trazemos em nós a medicina que precisamos, porém, essa medicina está dormente ou trancafiada nos porões de nosso inconsciente, encontrar a forma de abrir as portas desses porões é tarefa que exige muita força de vontade, e trabalho árduo de autoconhecimento, terapias e liberação de traumas, memórias celulares que nos aprisionam a padrões repetitivos geração após geração sem se dar conta que está presa a uma roda (chamada de roda do Karma no budismo) que gira eternamente.

“Um circulo de Mulheres reunidas constela um campo de poder que funciona como um caldeirão  espiritual e psicológico, onde cada mulher no circulo é uma irmã que como um espelho nos devolve reflexos de nós mesmas” Monica Giraldez

Feminino curado implica em mais respeito a vida, a natureza, ao planeta, mais fraternidade e cooperação, implica numa humanidade honrando a Mãe em todos os seus aspectos, desde a natureza até a maternidade humana.

O movimento do Sagrado feminino é um grito ecoando no coração de cada mulher dizendo basta à forma depredadora, e exploratória que temos agido diante da vida. Muitas estão relembrando algo simples e esquecido, de que somos filhos da Mãe natureza tão devastada por filhos insaciáveis, e que toda mãe deve ser honrada, respeitada, caso contrário Ela também sabe dar limites.

Uma mulher curada é capaz de mudar todo seu entorno, e de seus descendentes em até sete gerações. Honrar nossa Natureza interna, nossa mulher selvagem é honrar nossa essência primordial. Aquela que ousa sair da formatação, aquela que mesmo morrendo de medo arrisca, questiona, confronta, luta por sua verdade essa já vive o sagrado feminino.Há muito trabalho a ser feito, o tempo é agora e o alarme já soou dentro de cada mulher e alguns homens, é tempo de agir com mais fraternidade, é tempo de voltar a honrar o Grande Cálice da vida.

 

Diene Lenshari, Facilitadora de Respiração de Renascimento, Renascedora de alta qualidade certificada por Leonard Orr, conduz retiros, workshops e palestras de renascimento. Possui prática e experiência em Terapias Complementares. Mestre em Reiki, ministra cursos de Reiki Tradicional do Sistema Usui, Terapeuta em Florais de Bach, Práticas Naturais Xamânicas, Gineterapeuta e Facilitadora em Gineterapia, Mãe, e Bióloga. 

 

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